ALMOFALA


Conhecida vulgarmente por “Casarão da Torre”, “Torre dos Frades” e “Torre das Águias” (ou Turris Aquilaris), as “Ruínas de Almofala” terão sido referidas, pelo general João de Almeida (1873-1953) que lhe atribui uma função de atalaia em plena Idade Média, admitindo, então, a possibilidade de integrar a torre de menagem de uma fortaleza medieval.
Na sequência das escavações arqueológicas empreendidas no local, entre finais dos anos oitenta e noventa do século XX, fez-se uma maior aproximação à construção inicial, sendo identificada a sua função como templo de origem romana edificado sobre um imponente “podium”.
A Ara Votiva do Casarão da Torre, Almolada, descoberta nas escavações coordenadas por Helena Frade, permitiu concluir da possibilidade de ali ter existido a “civitas cobelcorum” que até então era desconhecida.
Helena Frade aceita que a capital da “ciuitas” poderia estar em território actualmente espanhol, mas a grande densidade de vestígios “em redor do local onde se ergue o templo; a arquitectura deste, seguindo as regras vitruvianas; e a possibilidade de ali se ter adorado uma divindade latina, permite-nos pensar que ali terá existido uma povoação já com certo grau de romanização” (FRADE, Helena, 1991, Conimbriga, 29).

IOVI… OPTVMO / MAXVMO / CIVITAS / COBELCORVM
“Júpiter Óptimo Máximo – a cidade dos Cobelcos”.


Apresenta a seguinte inscrição:
IOVI… OPTVMO / MAXVMO / CIVITAS / COBELCORVM, que se pode traduzir como “Júpiter Óptimo Máximo – a cidade dos Cobelcos”.
Este altar com cerca de 2000 anos, dedicado ao Deus Júpiter, permitiu confirmar que se estava na presença de um templo romano e que se tratavam efectivamente, de um “vicus” ou de uma cidade latina, quem sabe a capital administrativa e religiosa desta região.

Outro dos dados importantes nesta descoberta prende-se com o facto de a Ara fazer referência à cidade dos Cobelcos, um povo pré-romano que habitava esta região.

Bibliografia sumária:

FRADE, Helena, 1991, O Templo de Almofala: Novos elementos. Câmara Municipal de Castelo Rodrigo. Pode ainda consultar: https://cm-fcr.pt/noti…/segunda-maravilha-torre-almofala/ehttp://www.patrimoniocultural.gov.pt/…/geral/view/70659

Pode ainda consultar:
Susana Maria Rodrigues Cosme Entre o Côa e o Águeda Povoamento nas épocas romana e alto-medieval.
Tese de Mestrado. 2002.

«Torre de Almofala Freguesia: Almofala Concelho: Figueira de Castelo Rodrigo Tipo: Vicus com Templo Cronologia: Romano C.M.P. 1:25000: 162 AJt: 655m Lat: 40°52’11” Long.: 6°52’58” Vestígios: Podium de um templo romano reconstruído e adaptado nos séculos XVI e XVII. Adriano Vasco Rodrigues refere que o templo teria sido erigido no séc. II, “inspirado no Templo de César, no fórum de Roma”. Segundo Helena Frade, estaremos perante um templo de planta clássica, com cella rectangular; o monumento teria 16,30m de comprimento por 8,15m de largura e assentava sobre um podium com pouco mais de 2,5m de altura, sobre o qual ainda se erguem o que resta das arruinadas paredes. O acesso fazia-se por uma escada situada do lado Nascente. Outros achados têm sido postos a descoberto, como pedaços de calçadas e de muros, que teriam a função defensiva na época em que a Torre foi adaptada a atalaia. Algumas fiadas de placas de xisto seriam os alicerces de um fórum. Da época romana também foram encontradas uma fibula, uma pulseira em bronze, uma moeda do séc. IV, assim como vários tipos de cerâmicas, incluindo sigillatae. Uma mão esquerda em mármore, segurando uma caixa que pertenceria a uma estátua feminina, com cerca de três metros de altura que apresentava anéis nos dedos. José Hermano Saraiva diz pertencer à deusa Juno, a quem seria dedicado o templo. Em 1997, foi detectada uma ara, que segundo Helena Frade, que dirige os trabalhos arqueológicos, foi “encontrada na horizontal, com o campo epigráfico virado para cima, e estava dentro da área do forum, a cerca de 20m. a nascente do templo e a 2m. a poente da colunata do forum”. É datada dos inícios do século I d.C. Transcrição: IOVI. OPTVMO / MAXVMO / CIVITAS / COBELCORVM Tradução: A Júpiter Óptimo Máximo – a cidade dos Cobelcos. 35 Descrição: A Torre de Almofala situa-se num pequeno planalto numa colina ladeada pela ribeira de Rodeios a Norte e pela ribeira de Aguiar a Oeste e a Sul. Tem acesso por um caminho de terra batida a partir do lado esquerdo da estrada que liga Figueira de Castelo Rodrigo a Almofala. Os terrenos que rodeiam este local encontram-se hoje ocupados por vinhas, pomares ou para cultivo de cereais. O imóvel foi declarado Monumento Nacional em 29 de Setembro de 1977 por Decreto n.° 129/77. A Torre de Almofala é também conhecida por Tunis Aquilarís, Casarão da Torre, Torre de Aguiar, Torre das Águias ou Torre dos Frades. Na época medieval e relacionando-a com o Convento de Aguiar é denominada de Turns Aquilarís. Foi talvez um vicus com um templo na época romana, dependendo de Santo André».

Fotografia Jaime Grandes


Recolha: Filomena Barata