ALMOFALA
Texto a partir de: BARATA, Filomena (2023) Bibliografia das Cidades Romanas
da Lusitânia em Território Português. Lema d’Origem

Mapa a partir de: BARATA, Filomena. Bibliografia das Cidades Romanas
da Lusitânia em Território Português.
Conhecida vulgarmente por “Casarão da Torre”, “Torre dos Frades” e “Torre das Águias” (ou
Turris Aquilaris), as “Ruínas de Almofala” terão sido referidas, pelo general João de Almeida
(1873-1953) que lhe atribuiu uma função de atalaia em plena Idade Média, admitindo, então,
a possibilidade de integrar a torre de menagem de uma fortaleza medieval.
O imóvel foi declarado Monumento Nacional em 29 de Setembro de 1977 por Decreto n.° 129/77.
Na sequência das escavações arqueológicas empreendidas no local, entre finais dos anos oitenta
e noventa do século XX, fez-se uma maior aproximação à construção inicial, sendo identificada a sua fun-
ção como templo de origem romana construído, no século II, sobre um imponente podium edificado com grandes silhares de granito aparelhados, rematado por cornija ou moldura.
O acesso ao templo era feito por uma escadaria, a partir da fachada nascente (FRADE, 1991). Segundo Helena Frade, este templo de planta clássica, com cella rectangular, teria 16,30m de comprimento por 8,15m de largura e assentava sobre um podium com pouco mais de 2,5m de altura, sobre
o qual ainda se erguem o que resta das arruinadas paredes.
O acesso fazia-se por uma escada situada do lado Nascente.
A Ara Votiva do Casarão da Torre, Almolada, descoberta nas escavações coordenadas por Helena Frade, permitiu concluir da possibilidade de ali ter existido a Ciuitas Cobelcorum que até então era desconhecida. Helena Frade aceita que a capital da ciuitas poderia estar em território actualmente
espanhol, mas a grande densidade de vestígios “em redor do local onde se ergue o templo; a arquitectura deste, seguindo as regras vitruvianas; e a possibilidade de ali se ter adorado uma divindade latina, permite-nos pensar que ali terá existido uma povoação já com certo grau de romanização”
(FRADE, Helena, 1991, Conimbriga, 29).
Uma ara epigrafada dedicada ao deus Júpiter comprova, assim, a existência da Ciuitas Cobelcorum. (Helena Frade,1998).

IOVI… OPTVMO / MAXVMO / CIVITAS / COBELCORVM, que se pode traduzir como “Júpiter Óptimo Máximo – a cidade dos Cobelcos”.
Para além do templo foram também identificados vestígios de uma colunata e de construções de origem romana.
Algumas fiadas de placas de xisto seriam os alicerces de um forum. Da época romana também foram encontrados materiais de construção – tegulae, imbrices – uma fíbula, uma pulseira em bronze, uma moeda do século IV, assim como vários tipos de cerâmicas, designadamente terra sigillata e fragmen-
tos de mármore esculpido, salientando-se uma mão esquerda segurando uma caixa que pertenceria a uma estátua feminina, com cerca de três metros de altura que apresentava anéis nos dedos.
Até agora os vestígios arqueológicos apontam para uma cidade de pequena dimensão, talvez o
suficiente apenas para albergar os funcionários administrativos judiciais que fariam, a partir da
Civitas Cobelcorum, a gestão da área e dos muitos lugares e lugarejos que proliferariam então.
A Civitas Cobelcorum poderá ter sido consolidada nos inícios do século I e era o centro admi-
nistrativo de uma região limitada pelos rios Douro a Norte, Águeda a Este, Côa a Oeste e pela Serra da
Marofa a Sul.

Bibliografia
ALBUQUERQUE, Elisa M. M. A. 2005. Entre sigillata e faiança: primeiro estudo sobre a cerâmica da Torre de Almofala. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
COIXÃO, António Sá. 2006. “Proto-história e romanização do Baixo Côa: Novos contributos para a sua caracterização”. In Proto-história e Romanização. III congresso de arqueologia Trás-os-Montes, Alto Douro e Beira Interior. Actas das sessões. Disponível em: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/24893/1/Coix%c3%a3o2008.pdf
COSME, Susana Maria Rodrigues. 2002. Entre o Côa e o Águeda. Povoamento nas épocas romana e alto-medieval. Tese de Mestrado.
FERNANDES, Susana Morais. 2017. Projeto Almofala(s) Acampamento(s) de Cultura Itinerante. Projeto para obtenção do Grau de Mestre em Gestão Cultural. Escola Superior de Artes e Design do Instituto Politécnico de Leiria.
FRADE, Helena. 1990. “Novos elementos sobre o templo romano de Almofala”. Conimbriga. Coimbra. 29, pp. 91-101.
FRADE, Helena, 1991, “O Templo de Almofala: Novos elementos”. Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo.
FRADE, Helena. 1991. “A Torre de Almofala (Figueira de Castelo Rodrigo)”. In Actas das IV Jornadas Arqueológicas (Lisboa, AAP). pp. 353-360.
FRADE, Helena, 1998. “Ara a Júpiter da Civitas Cobelcorum”. Ficheiro Epigráfico 58, n.o 266.
FRADE, Helena. 1993. “La Torre de Almofala et son integration urbaine”. In 14.o Congreso International de Arqueologia Clasica. Preactas. Tarragona: Vol. 2. p. 131.
LOBÃO, João Carlos, MARQUES. António Carlos e NEVES, Dário. 2004. “Povoamento romano na área da Torre da Almofala (Civitas Cobelcorum). In Actas das 2.as Jornadas de Património da Beira Interior Lusitanos e Romanos no Nordeste da Lusitânia.
Pode ainda consultar:
https://cm-fcr.pt/noti…/segunda-maravilha-torre-almofa-
la/e http://www.patrimoniocultural.gov.pt/…/geral/view/70659
No local poderá visitar o Centro Interpretativo da Torre de Almofala, onde pode conhecer a história do local e alguns dos materiais arqueológicos aí encontrados.
https://www.youtube.com/watch?v=J0VyB4dDEV0
https://www.youtube.com/watch?v=5BUQF4khnqc
Recolha: Filomena Barata