CONIMBRIGA

Em Conímbriga conhecem-se vestígios de ocupações anteriores da Idade do Bronze e do Ferro. Naquele local, concentra-se a  História de milénios, entre finais do 2º milénio antes de Cristo e o século IV da Era Cristã.

Este povoado foi lugar central na área do Baixo Mondego no período orientalizante, mantendo-se ao longo de toda a Idade do Ferro como um dos maiores oppida do centro do país.

Conquistada pelos Romanos provavelmente em 136 a.C., durante as campanhas de Décimo Júnio Bruto, a cidade teve uma importante renovação urbanística ao tempo de Augusto, que se vai continuar até finais do século I: o fórum, primeiras termas públicas (cerca de 12 a.C.), muralha, anfiteatro.

Bem posicionada na principal rota comercial entre Lisboa (Olisipo) e Braga (Bracara Augusta), a cidade floresceu e transformou-se numa próspera ciuitas. Estima-se que no seu apogeu, durante o século I d.C., a população de Conímbriga rondaria os 10 mil habitantes e que se tenha tornado numa cidade romana relevante para a Lusitânia.

Amuralhada se viu a cidade desde o século I, se bem que a decadência do Império, a partir do século III, tenha visto o perímetro da cidade decrescer, dando lugar a uma imponente edificação militar, a muralha do Baixo Império. Segundo Adriaan Man, o fenómeno de amuralhamento deve-se também a «uma certa dimensão competitiva entre centros ainda tecnicamente equivalentes. Uma cidade capaz de erigir uma muralha passava a deter um novo estatuto, em particular perante os seus vizinhos imediatos. Um exemplo gráfico seria o contraste entre Conimbriga e Collipo, sítios que nos princípios do Alto Império não difeririam muito em termos de localização geográfica e exposição aos circuitos comerciais, mas cujo destino último não poderia ter sido mais desigual».

No século V, ao que se sabe, a cidade entra em decadência após várias incursões Suévicas, situando-se o seu abandono  por volta do século IX.

Em Conímbriga encontramos as infraestruturas usuais de uma cidade romana: casas pobres e ricas – domus, apartamentos, vias, termas, lugares de espectáculo, como o anfiteatro, e, claro está, o seu Forum ou centro cívico. Um aqueduto de longa extensão confirma os cuidados que as fundações latinas tinham com o abastecimento da água.

Entre as ínumeras domus de Conímbriga destacamos a Casa de Cantaber e a Casa dos Repuxos. A primeira é uma das maiores do mundo romano ocidental dotada de termas próprias. A segunda, tem uma grande riqueza artística, atestada nos seus jardins com repuxos e fabulosos mosaicos polícromos de motivos florais, mitológicos e geométricos.

Mosaico do Labirinto. Museu Monográfico de Conímbriga

Forum, que alguns quiseram melhor interpretar e parcialmente reconstruir, refazendo ambientes e espacialidades, tinha, sob a mira do olhar que o poder centralizado da Roma imperial impunha, um templo, esse lugar axial. Tanto poder naquele mesmo local, esse Forum do dever e do prazer; do profano e do sagrado com o seu santuário dedicado ao culto imperial…

Umas Termas monumentais confirmam a grandeza da cidade.


Diz-nos Virgílio Correia «O fórum da cidade romana de Conimbriga foi localizado durante as escavações arqueológicas que decorreram entre 1964 e 1971, que identificaram as estruturas de um grande monumento de época flaviana e, sob estas, os restos de construções pertencentes a uma fase anterior.
A localização do fórum flaviano foi condicionada pela pré-existência do fórum construído ao longo da primeira metade do século I, que ocupou uma zona central também do ponto de vista dos eixos de circulação do oppidum.
O templo é, infelizmente, um dos elementos pior conhecidos do fórum, isto acontece porque, sendo aquele que se situava a uma cota mais elevada, foi aquele que mais sofreu com a erosão da zona (…)
O templo era pseudo-períptero, com as paredes da cela decoradas por meias colunas adossadas, tendo tido provavelmente quatro colunas na fachada.
Acedia-se a esta fachada por uma escada ladeada por dois grandes blocos de construção, de planta quadrangular, que substituíram as usuais antas. Estes maciços suportaram talvez esculturas.
Nada sabemos do seu interior, ainda que seja hipótese admissível que aí estiveram as mais importantes peças de escultura imperial conhecidas na cidade, que para aí teriam sido deslocadas do fórum mais antigo, para o qual terão sido encomendadas.
O templo era precedido de uma esplanada, rodeado por um largo espaço aberto e enquadrado por um porticus duplex elevado»

Mas Conimbriga teria também um aqueduto que fornecia a cidade.

Recolha: Filomena Barata

Casa dos Repuxos

Troço do aqueduto