LACOBRIGA

O território hoje designado por Algarve entrou na esfera de influência romana nos finais do século III ou inícios do século II a.C., quando Gadir (Cádis) reconheceu a supremacia latina.
As fontes clássicas referem que foi ocupado, antes da chegada de Túrdulos e Celtas, na segunda metade do I milénio a. C., pelos Cónios, um povo de origem não Indo-Europeu.
Na costa algarvia quer Plínio, quer Pompónio Mela e Ptolomeu nomeiam a existência de uma importante localidade designada Lacobriga, entre as outras que também foram referenciadas como tal no período compreeendido, entre os dois primeiros séculos de dominação romana.
Plínio situa-a entre as populações célticas e Mela refere-se-lhe junto ao Promontório Sacro …
Muitos arqueólogos defenderam que a povoação Lacobriga referida pelos autores latinos se deveria situar junto de Monte Molião, onde se encontraram importantes vestígios arqueológicos, se bem que sejam também conhecidos achados de origem romana em Lagos, muito possivelmente devido ao desenvolvimento de um núcleo portuário.
Efectivamente a zona de Monte Molião deverá a sua importância à produção de preparados de origem piscícola, como o denuncia a existência de conjuntos de cetárias.
Mas também alguns outros autores defenderam poder-se situar em locais como a Fonte Coberta, Serro da Amendoeira, Figueira da Misericórdia, Figueiral, e o Paúl.
Mas actualmente sabe-se que a «área da baía de Lagos foi intensamente ocupada durante a época romana. Se o início dessa ocupação está aparentemente relacionada com episódios militares decorrentes da conquista romana do extremo Ocidente peninsular, não parecem restar hoje dúvidas que, entre o século I a.C. e os finais do VI da nossa Era, cidadãos romanos estavam instalados na região.
De ambas as situações restam vestígios abundantes na área da baía, evidenciando alterações e rupturas em relação à abordagem do espaço em épocas anteriores. Por outro lado, o novo modelo de instalação, bem como as novas estruturas sociais e políticas que, de alguma forma o motivaram, também provocou modificações significativas em termos da exploração dos recursos».

Aqui

As escavações efectuadas no Centro Histórico de Lagos atestam a existência de uma importante ocupação de carácter industrial de época romana, para produção e envasamento de preparados piscícolas.

O sítio arqueológico do Monte Molião situa-se no barlavento algarvio, na chamada baía de Lagos e pertence administrativamente ao distrito de Faro, concelho de Lagos.
Já conhecido do mundo científico no século XIX, foi apresentado por Santos Rocha (1895) e pelo reverendo José Joaquim Nunes, na revista Portugália (1899).
Estácio da Veiga em visita o local identificou uma cisterna de forma elíptica e reconhece sepulturas e materiais arqueológicos provenientes de uma necrópole.

Fundado na segunda metade do século IV a.C, Monte Molião evidencia uma forte ligação com a área de Cádis.
O período romano republicano está também bem documentado no local, quer em estruturas habitacionais, quer no que se refere aos seus materiais arqueológicos.



Estatueta de Mercúrio em bronze, proveniente de Monte Molião. Época Romana.
Século II d.C.

Da época imperial, destaca-se o período Flaviano, «com áreas habitacionais e industriais, as últimas destinadas à produção de vasos de cerâmica comum e de preparados de peixe. Sobre as estruturas desta época, novas são erguidas em finais do século I/inícios do II, tendo sido abandonadas em torno a 150».

Texto citado, a partir de: Monte Molião (Lagos). Consultável Aqui

Veja-se ainda:

ARRUDA, Ana Margarida, Laccobriga. A Ocupação Romana na Baía de Lagos, Ed. C.M.L., Lagos, 2007, pp. 24-40

e Aqui