MYRTILIS

Sob o domínio romano na Lusitânia, a povoação que já tinha ocupação anterior foi denominada de Myrtilis. Designada de Iulia Myrtilis ou Myrtilis Iulia, a cidade assume a importância da sua atividade comercial, em Época Romana.

Casa da Câmara

Na Antiguidade Tardia, Myrtilis manteve a sua importância económica e a sua vocação mercantil. A sua ocupação mantém-se no Período Árabe e Medieval Cristão, até aos nossos dias.

Trata-se uma cidade de importância fundamental, pois a sua relação estreita com o rio viabilizava também um contacto fácil com o mar, escoando produtos agrícolas e minérios, designadamente os da zona de S. Domingos, a partir do Pomorão, e controlava um vasto território.
Essa boa acessibilidade terá facilitado um contacto intenso com o Mediterrâneo e com o Mundo Romano, que se comprova existir desde os inícios do século II a.C.

Plínio, na sua História Natural, refere Myrtilis entre os «oppida veteris Latii» (H. N., 4, 117). Mas também Ptolomeu (2, 5, 5) a nomeia. O Ius Latii terá sido outorgado a Murtilis por Octaviano/Augusto, sendo «bem provável que o estatuto municipal tenha sido concedido a Murtilis entre 12 a.C. e 37 d.C.» segundo defende António Faria no texto que abaixo partilhamos:

“OPPIDA VETERIS LATII EBORA, QVOD ITEM LIBERALITAS IVLIA,ET MYRTILIS AC SALACIA” (PLIN.NAT . 4.117). António Marques de Faria

Disponível Aqui

Relembramos a importância mineira da região, sabendo-se que entre o século I e IV d.C. os romanos exploraram o filão existente na Serra de S. Domingos.
Foram encontrados vestígios arqueológicos (artefactos de cerâmica comum e muitas moedas hispânicas de Emerita, Gades, Segobriga, Cesaraugusta, assim como um áureo de Nero onde se lê: CONCORDIA AUGUSTA.), que comprovam os mais de três séculos de exploração, tendo sido extraídos cobre, prata e provavelmente ouro.
A intensidade de exploração mineira neste local é atestada pela existência de uma roda de madeira para elevação de água, que se encontra conservada no Museu Nacional das Técnicas de Paris.
Mas a exploração mineira já era conhecida em época anterior, e são vários os vestígios da Idade do Ferro nas imediações da Mina de S. Domingos, designadamente o povoado fortificado do “Castelo do Pomarão” e os povoados do Cerro da Texugueira e Pouso das Mós, ambos localizados na Freguesia de Santana de Cambas.
A história da mina de São Domingos é, portanto, muito anterior à Época Romana, altura em que os trabalhos se intensificaram com a exploração do chapéu de ferro que cobria a massa piritosa. No século XIX, em 1858, inicia-se a exploração recente da mina pela companhia Mason and Barry, tendo sido explorada por mais de um século, até 1965, ano do seu encerramento.
A Mina de S. Domingos localizada no Distrito de Beja, mais especificamente a 17 km do concelho em que pertence, Mértola, tinha ligação ao porto fluvio-marítimo do Pomarão, no rio Guadiana, por meio de um caminho-de-ferro mineiro com cerca de 15 km de extensão que hoje se encontra desactivada.

Para consultar a Bibliografia, poderá ver aqui.

Recolha: Filomena Barata