OLISIPO

Durante as guerras Púnicas, após a derrota de Aníbal, os romanos apoderaram-se da Hispânia.

Após a derrota dos cartagineses por Scipio Africanus na Hispania Oriental, a pacificação do Ocidente foi liderada pelo cônsul Decimus Junius Brutus Callaicus.

Ao que se sabe, terá obtido a aliança de Olisipo na luta contra Lusitanos e Galaicos, integrando esta povoação, onde já deveria existir um conventus civium Romanorum, segundo José Cardim Ribeiro, no Império, em 138 a.C., altura em que foi fortificada.

A localização de Olisipo deve-se, muito possivelmente, ao facto de ser um local privilegiado do ponto de vista topográfico «ponto de confluência entre realidades mediterrânicas e atlântico-continentais, condicionando também decisivamente e nos seus mais diversos aspectos, a romanização da cidade e território envolvente.
A este facto se encontra, por exemplo, intimamente ligada a acção militar empreendida por Decimus Iunius Brutus, em 138 a.C. (…).

O amuralhamento de Olisipo deve ser entendido como um dos fundamentais preparativos que antecederam as campanhas contra Lusitanos e Galaicos: na verdade, Brutus só fortificaria a cidade se lhe tivesse reconhecido prévia e inequívoca adesão à causa romana, e a considerasse seguramente fiel, inclusive numa eventual adversidade – ou seja, em conjuntura de derrota». José Cardim Ribeiro, Felicitas Iulia Olisipo, 1994, in Separata de AlMadan,  admite, portanto que à época da campanha de Brutus já Olisipo fosse fortemente romanizada.

É com Júlio César que recebe a denominação Felicitas Iulia, passando a ter os seus habitantes a cidadania romana.

Cerca de  30 a.C., a cidade torna-se Civium Romanorum, e Felicitas Iulia Olisipo é o nome porque foi denominada, a partir do século I a.C.

Assim se refere Estrabão, no século I a.C., recordando um dos momentos da conquista da Lusitânia por Décimo Júnio Bruto, em finais do século II a.C., quando encontra junto ao estuário do Tagus a antiga povoação de Olisipo, provável entreposto de Fenícios e Gregos:

«Nas margens do rio fortificou Olisipo para ter mais livre o curso da navegação e o transporte dos víveres (…) O rio é muito rico em peixe e abundante de ostras» (Estrabão, Livro 30, I Parte).
Por sua vez, Plínio, no século I d.C, diz-nos «O Tejo dista do Douro duzentas milhas, ficando entre eles o Munda. O Tejo é famoso pelas suas areias auríferas. Distando dele cento e sessenta milhas, ergue-se o promontório Sacro, aproximadamente a meio da parte frontal da Hispânia». (Plínio H.N. 4, 115).
Refere ainda Varrão que (…) entre o Anas e o promontório Sacro habitam os Lusitanos. Para lá do Tejo, as mais notáveis cidades da costa são Olisipo, célebre pelas éguas que concebem do favónio, Salácia, cognominada urbs Imperatoria, Meróbriga e, entre os promontórios Sacro e Cúneo, os ópidos se Ossónoba, Balsa e Mírtilis», (Plínio H.N. 4, 116.).

«Uma embaixada de olisiponenses, para esse efeito enviada, anunciou ao imperador Tibério que tinha sido visto e ouvido, numa gruta, tocando búzio, um Tritão cuja forma é bem conhecida. Também não é falsa a ideia que se tem das Nereides, com o corpo coberto por escamas, mesmo na parte em que têm figura humana. De facto, também na mesma costa se avistou uma em agonia e cujo canto triste os habitantes ouviram ao longe». Plínio (N.H. 9,9). Versão traduzida e comentada por Amílcar Guerra, Edições Colibri, 1995.

O Tejo tem de foz uma largura de uns 20 estádios e uma profundidade tão grande que pode ser remontado por barcos de dez mil ânforas de capacidade. Na altura das cheias, produz dois esteiros, nos baixios interiores, a ponto de formar como que um mar de 150 estádios, de tornar a planície navegável e de isolar, no esteiro superior, uma ilha, de cerca de 30 estádios de extensão e com uma largura um  pouco menor, muito fértil e com belas vinhas. Esta ilha situa-se junto da cidade de Móron, que se ergue num monte próximo do rio, a 500 estádios de distância do mar no máximo, e está rodeada por uma região fértil. A navegação até aí é fácil mesmo para barcos de grande porte numa boa parte do seu trajecto e, no resto, por embarcações de rio. Para cima de Móron a navegação ainda é mais longa.Brutos, denominado o Galaico, utilizou esta cidade como a base das operações, quando entrou em  guerra contra os Lusitanos e os submeteu. Em seguida amuralhou Lisboa, nas margens do rio, para ter livres a navegação e o acesso aos víveres. Estas cidades são também as maiores que se encontram junto ao Tejo.» 
Estrabão, Geografia, III, 3, 1 – tradução de José Ribeiro Ferreira (Kalb; Höck, 1988: 190).

Cit. in: «Por este rio acima: a bacia hidrográfica do Tejo na conquista e implantação romana no ocidente da Península Ibérica»

FABIÃO, Carlos, Cira Arqueologia III. Atas – Congresso Conquista e Romanização do Vale do Tejo
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É com Júlio César que recebe a denominação Felicitas Iulia, passando a ter os seus habitantes a cidadania romana.

As escavações efectuadas em finais de século passado no Castelo de S. Jorge deram a conhecer os vestígios mais antigos da ocupação do local, designadamente da Idade do Ferro, remontando ao século VII a. C., bem como da Época Romana.
Ao que parece este aglomerado teria tido contacto com Fenícios e mais tarde Cartagineses, havendo até quem defenda que se denominaria Alis Ubbo, que significaria Porto Seguro.

As informações históricas, entretanto, iniciam-se apenas no contexto da conquista da Hispânia pelas legiões romanas, quando era denominada Olisipo.
Serviu, a partir de 139 a.C. como base das operações do Cônsul Décimo Júnio Bruto, contra os núcleos de Lusitanos e Galaicos. São inúmeros os vestígios materiais de época romana, tanto arquitectónicos como utilitários, fragmentos de ânforas, cerâmica vermelha, cinzenta, comum, inscrições, lápides epigrafadas, que nos permitem alvitrar que a cidade era habitada por uma população romanizada, sendo a sua maioria da tribo Galeria, por gregos e por romanos.

Era Municipium Civium Romanorum, administrada por duunvirus, edids, conhecendo-se também a existência de questores, flâmines, decuriões e cônsules.

Olisipo era um centro de serviços, de comércio e de indústria, com solo fértil produzia azeite, vinho e extraía sal, mas a sua riqueza provinha da produção e exportação de garum, a indústria conserveira de peixe.

Em Olisipo, a existência de um teatro e os restos de um circo para corridas de cavalos, confirma como os lugares de espectáculo foram fundamentais ao processo de aculturação.

O teatro romano da cidade de Olisipo foi edificado nos inícios do século I, muito possivelmente em época do Imperador Augusto. Documentada epigraficamente é a remodelação do teatro ocorrida em 57 d.C., através da inscrição do muro do proscaenium que refere as obras de renovação dessa mesma estrutura, bem como da orchaestra, custeadas pelo seviro augustal Caius Heius Primus.
O financiamento de obras públicas era comum era comum em Roma, tratando-se, antes de mais um acto de propaganda para quem as custeia, os evergetas, atitude que em Olisipo atingiu o auge na época julio-cláudia.

Em Olissipo existem vários museus, núcleos museológicos e sítios visitáveis
Museu Nacional de Arqueologia
Museu da Cidade de Lisboa
R. Correiros; Casa dos Bicos; Sé de Lisboa; Museu do Teatro Romano
Galerias a Rua da Prata; Lápides da R. das Pedras Negras.

Para ver a Bibliografia geral de Olisipo, consulte aqui

Sobre o Teatro Romano

Sobre as Galerias da Rua da Prata

Galerias da Rua da Prata. Fotografia a partir de Aqui

Sobre Bibliografia Lisboa Romana

Recolha: Filomena Barata